quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Documentário GINGA

Documentário - “GINGA”de Hank Levine, Marcelo Machado e Tocha Alves - 2006 "Ginga" mostra o cotidiano de dez jovens que sonham ser jogadores de futebol famosos e bem pagos -- sendo que dois deles já são profissionais. A equipe do filme percorreu doze cidades do Brasil durante sete meses em busca de personagens peculiares com esta mesma ambição. Entre os anônimos, os relatos são muitas vezes parecidos. Ou seja, trata-se de jovens de baixo poder aquisitivo que vêem no esporte a possibilidade de ascensão rápida. Como é o caso do paulista Paulo César, que trabalha como guardador de carros e, como diz seu pai, "se jantar num dia, não tem dinheiro para o almoço no dia seguinte". A equipe o acompanha durante treinos e uma "peneira" (teste de seleção) num clube paulistano. Nesse mesmo caso está também o carioca Romarinho, morador da Rocinha que se espelha na vitória de jogadores famosos, como seu xará, para traçar sua carreira. Em outra ponta do espectro, estão jovens de classe média. Sérgio é paulista e joga futebol de salão. A equipe do filme acompanhou um período de sua vida em que ele participou de diversos jogos, inclusive da final de um campeonato, enquanto espera uma chance para jogar no gramado. No time dos famosos entrevistados em "Ginga" está o jogador gaúcho Falcão, que após uma bem sucedida carreira no futebol de salão veio jogar no São Paulo Futebol Clube. O longa acompanha essa transição na sua carreira e os resultados. O último segmento do documentário promove um encontro entre o jogador e o astro Robinho, que depois de despontar no Santos foi jogar na Europa. Enquanto o trio de diretores de "Ginga" preza pelo apuro visual, com fotografia caprichada, edição frenética, eles deixam de lado o conteúdo humano do filme, que é onde estaria a força deste documentário. O longa acaba desperdiçando entrevistados interessantes sem se aprofundar nas suas histórias. O carioca Wescley perdeu uma perna num acidente, mas isso não o impede de jogar de muletas e treinar para as Para-olimpíadas. Ele, por si só, justificava um filme inteiro, mas aqui não tem nem os seus quinze minutos de fama. O mesmo acontece com o amazonense Celso, que treina futebol à beira-mar, com campo e equipamentos improvisados, e participa do Peladão, o maior campeonato de futebol amador do mundo. Esse rebuscamento estético faz "Ginga" parecer mais um comercial de quase uma hora e meia. Levando em conta que o filme tem como um dos patrocinadores uma famosa empresa de produtos esportivos, não será nenhuma surpresa se o longa for dividido em segmentos e exibido nos intervalos nos jogos do Brasil durante a Copa. (Por Alysson Oliveira, do Cineweb)