sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O FUTEBOL DA CIDADE NÃO MORREU. SÓ MUDOU DE LUGAR.(Flávio Adauto)

Flavio Adauto (em pé), Ademir e Amilton Teixeira - Equipe do 23 de Maio FC do Belenzinho - 1963
Empoeirados livros registram a história do futebol. Jornais amarelados pelo tempo, carcomidos, revelam em suas manchetes centenárias as proezas de uma bola, feita de bexiga de boi, quando as disputas mais se assemelhavam a batalhas campais.Da "bola de capotão", com o "bigulim" à mostra, pronta a espetar testas destemidas, às bolas de hoje, produzidas em laboratórios espaciais, finas e delicadas como cristal, um longo caminho foi percorrido.A burguesia trouxe o futebol para o Brasil e os aristocratas ingleses trataram de difundi-lo como atividade nobre dos finais de semana. Árbitros eram vistos em casacas risca de giz e os uniformes dos contendores mais pareciam armaduras medievais. Os "sapatos de jogo", ou chancas, tinham biqueira metálica, cobriam o tornozelo e lembravam polainas dos bailes da Corte.Assistir a jogos de futebol, na baixada do Glicério, no Hipódromo da Moóca ou nos campos próximos à estrada de ferro (então SPR - São Paulo Railway, inglesa como o futebol que eles mesmos trouxeram) pelos lados da Lapa, era programa de quatrocentões na cidade de São Paulo. As mulheres, de vestidos longos e rendados e os homens de fraque e cartola. Sombrinhas para elas e bengalas para eles, completavam trajes dominicais.A terminologia inglesa marcou época. Zagueiro era "Half", homem gol, era "Center Four", goleiro era "Keeper", quem defendia era "Back" e os que jogavam eram "Players". O árbitro era "Referee".Assim a história começou a ser escrita. Nas várzeas dos nossos rios surgiram os primeiros campos.Hoje, próximos ao final do século 20, o jogo de bola pertence ao universo. Os ingleses inventaram, aqui o futebol foi aprimorado , fincou raízes, tornou-se pão e circo.Entre nós, a bola tem vida, pulsa, respira, emociona. O futebol, esse esporte profissional a partir de 1933, ou o de várzea mesmo, que é perpétuo e festa de todas as classes, incorporou-se ao povo como hino e bandeira. A seleção nacional passou a ser segunda pele da nação.Charles Müller trouxe a primeira bola, organizou o primeiro jogo, foi artilheiro e juiz. Sua história é unanime, faz parte da iniciação do futebol. Da primeira bola ao primeiro gol; dos calções abaixo dos joelhos aos árbitros em casacas; dos senhores da burguesia aos operários das multinacionais inglesas, celeiros dos craques da época, o salto para esse final de milênio nos leva a imaginar um mundo de ficção.O futebol hoje, é negócio, business, lazer, entretenimento; suas ações estão nas bolsas de valores, suas imagens, como Walter Disney, nos levam a um mundo de fantasias, fazem do saltitar de uma bola um show digno de Spilberg.Um gol, contudo, continua sendo o momento mágico que adorna o futebol desde os seus primeiros jogos, não importa se nas várzeas do Tietê, nos campos aristocráticos do Hipódromo ou nos modernos teatros e arenas de multi-uso geradas a partir de contratos milionários que fazem do futebol um grande negócio em todo o mundo. Espetáculo deste e do próximo século. O Novo SéculoFábrica de Talentos Este final de século marca uma grande revolução no futebol em todo o mundo. Ele continua diversão, paixão, esporte. Mas já não deixa espaço para amadores ou românticos, tal o grau de profissionalização que atingiu.O futebol, como negócio, é realidade incontestável.No passado, esperava-se pelo nascimento de talentos. Hoje, eles são produzidos em escala, numa indústria que privilegia a boa organização e a estrutura que nunca tiveram boas relações com os clubes.Da época romântica ficou a história. E as falências e concordatas, que não puderam ser evitadas, nem mesmo com taças e troféus.Basta lembrar os maravilhosos times do Santos Futebol Clube ou do Botafogo de Futebol e Regatas na década de 60 e vê-los agora no limiar do Terceiro Milênio.E em quase todo o mundo, exclusivamente como negócio, onde a matéria prima é o jovem a ser moldado numa Fábrica de Talentos, a produção de peças de reposição para o mercado do futebol passou a ser fundamental para manter aquecida a paixão que os clubes despertam.E no Brasil, como no resto do mundo, essa revolução não se limita a estádios de futebol. Ela atinge Bolsas de Valores e faz do Mercado de Capitais parceiro do dia a dia.O Brasil, historicamente, apesar dos pesares, manteve-se entre os países de ponta como produtor e exportador de talentos. Com sobras para vencer competições internacionais e ter, em quantidade invejável, sempre craques para repor. Suas Fábricas de Talentos estão em todos os espaços onde um par de traves possa ser fincado.Ainda que, no Brasil, agora já sem resistências para adaptar-se às mudanças que ocorrem em todo o mundo, as parcelas que o futebol movimenta sejam consideradas modestas se comparadas com países de ponta.Somente nos últimos anos estamos nos abrindo, de forma programada, às transformações que o futebol impõe, sem que tais mudanças permitam que se abra mão do pólo receptor e formador da matéria prima que consolida a Fábrica de Talentos. Ainda se joga futebol naCidade. Com muito amor. (Texto publicado em 6 de maio de 1999, em A Gazeta Esportiva, Coluna Causa & Efeito, de Flávio Adauto). " Faz tempo que ando procurando alguém para discutir um tema sobre o qual todo mundo fala, sem que ninguém consiga provar com exatidão aquilo que afirma como se fosse o mais sábio dos homens. Trata-se do fim do futebol varzeano, ou das peladas de final de semana.É que já não aceito mais a tese de que a várzea acabou e os campos sumiram, como se fosse uma verdade absoluta, como se centenas de milhares de brasileiros não fizessem da várzea, ainda, o seu grande amor.Li com prazer e atenção a coluna de José Geraldo Couto, na "Folha de S.Paulo", sob sugestivo título "Proíbido jogar bola na rua; crack pode", referindo-se à proibição do governo mexicano às suas crianças. Obviamente, proibindo jogar bola.Também assisti ao filme "Boleiros", de Hugo Giorgetti, que conta belas histórias de futebol. O assessor técnico foi o ex-zagueiro Luiz Carlos Gualter, dos meus tempos de repórter na "Folha". Tempos em que marcou Pelé com classe e competência.Contudo, como passei o dia a imaginar como seria o duelo entre Corínthians e Palmeiras, devorando jornais, ouvindo rádio e vendo televisão, confesso que não resisti a meter a minha colher nesse tema. Levando em conta que José Geraldo Couto anunciou que um dia vai querer escrever sobre o fim dos campos de várzea de São Paulo e os efeitos nefastos disso sobre o futebol e sobre a cidade.Foi cauteloso, sem a prepotência dos que anunciam logo na primeira frase que a várzea acabou, que não existe um campo sequer na cidade, que ninguém mais joga futebol, etc etc.É preciso entender que tudo mudou, mas que está longe, muito longe de acabar. O amor continua o mesmo, as disputas são até mais intensas, mesmo que o número de campos seja menor, os espaços livres para a bola de meia rareiem e a cidade já não seja tão romântica como no passado.Mas ainda são centenas os campos de várzea, milhares os times, muitos deles com 50, 60, 70 anos de vida sem nunca interromper suas atividades. Com muita história para contar. Não importa se no passado um determinado clube tinha quatro, cinco vizinhos, todos com seus campos próprios. Hoje, esses vizinhos dividem um só campo, sorteiam horários, mas jogam sempre, no mínimo uma vez por semana. E são mais de dois mil times em atividade, só na Capital de São Paulo.E, para os que não sabem, são dezenas os campos da cidade com iluminação artificial, que dividem com as quadras de salão e de futebol soçaite espaços para milhares de praticantes. Basta uma consulta às casas de material esportivo e a constatação será óbvia: o que mais se vende são chuteiras, meias, calções, caneleiras, bolas, enfim, material de futebol.Esse é um tema que não se esgota nem em uma, nem em duas, talvez nem em vinte Causa & Efeito como esta. . Que, diga-se, não tem a menor pretensão de ser a dona da verdade, mas apenas quer ajudar a mostrar que a várzea existe, está muito viva, ainda é a coisa mais importante na vida dos que habitam a periferia, justamente onde estão os campos e onde vive a várzea de hoje. Mas não dá para comparar com o passado. Como não dá para comparar muita coisa. Mas dizer que a várzea morreu, ou acabou, é quase um sacrilégio." Tudo Mudou. Mesmo sem recorrer a bibliotecas e arquivos, muitas histórias podem ser contadas sobre a cidade de São Paulo. Histórias recentes, ou nem tanto. Depende do que cada um tenha vivido ou das experiências acumuladas. E do interesse pelo que se passa à sua volta.Do final dos anos 50 até agora, sempre fui atento observador das histórias da cidade, vendo e sentindo cada uma de suas transformações.Do velho cinema de bairro ao empório obsoleto, tudo mudou e muito ainda há para ser mudado. O cinema, hoje, leva-se para casa, em vídeo estéreo; o empório está encaixado na prateleira do museu, dá vez ao Shopping Center de múltiplas funções.Mas foi no final dos anos 50, menino vindo do Interior, fazendo do futebol parceiro e confidente, que comecei a ouvir as primeiras histórias sobre a várzea na cidade de São Paulo.Fazendo-me personagem da própria paixão, o futebol foi a minha religião, substituindo a missa de domingo pelo par de chuteiras debaixo do braço e da camisa com distintivo no peito e número costurado nas costas a razão de contar cada minuto entre a segunda-feira e o domingo seguinte.Mas já naqueles tempos, vividos no Bairro do Belenzinho, portão da Zona Leste de São Paulo, ouvi histórias deliciosas na Vila Maria Zélia, espécie de condomínio fechado dos anos 30, criada para ser prisão de políticos e que foi transformada em polo residencial dos operários da Tecelagem trazida pelos ingleses ( assim como o futebol ). Era a época pré-industrial da cidade e os mais antigos, nascidos no começo do século, já diziam que "a várzea tinha acabado".Ficava a imaginar como teria sido antes dos anos 50. Pelo que os mais velhos contavam, chegava a delirar, imaginava São Paulo como um gigantesco campo de futebol, onde tudo era várzea e todos os espaços eram reservados ao lazer. Pouco deveria sobrar para chácaras, ruas, casas, empórios, enfim, para a cidade e seu cotidiano.Nos dicionários tomava conhecimento de que a várzea era formada "por terrenos baixos e planos que margeiam os rios".Passados quase 50 anos, já nem sei quantas vezes ouvi, de forma categórica e professoral que "a várzea acabou". O que acabou ? Resolvi pesquisar, estudar o assunto. E nada está mais vivo do que a várzea, mesmo que ela não esteja nas margens dos rios, já não seja feita apenas dos campos de terra batida, ladeados por cercas de ripas e nas imediações da Praça da Sé, então ponto de referência para todas as distâncias.Em 1940, São Paulo tinha 1.326.261 habitantes. E quantos campos de futebol ? Quantos times ?Não se sabe ao certo. Contam os mais velhos - sempre eles, memória viva que se apaga sem reposição - que eram muitos, que os campos de futebol estavam em todos os cantos da cidade, que em cada esquina havia um time. E quantas eram as esquinas para pouco mais de 1.300.000 habitantes ?Em 1950, São Paulo chegou a 2.198.096 habitantes. E não se sabe quantas esquinas tinha, quantos times ou quantos campos.A única coisa que se sabe é que "a várzea tinha acabado".Nessa época, a televisão chegou ao Brasil. O cinema e o futebol já não dominavam o lazer na cidade, além do rádio com suas novelas e anúncios de biotônico. O rádio já era coisa antiga.Das histórias que ouvi e do que li sobre os anos 50 - e antes disso -, a cidade de São Paulo, tomando como referência a Praça da Sé, estendia-se aos distantes bairros da Penha, da Moóca, do Ipiranga, Jabaquara, Butantã, Jaçanã, Pinheiros, Lapa, enfim, um cinturão que envolvia a Sé, num raio pouco superior a 10 quilômetros, a espera das avenidas e da anunciada explosão imobiliária.A várzea e seus times românticos moviam-se na carroceria dos caminhões, comemoravam suas conquistas com aguardente e groselha tomadas nos troféus que se disputava a cada final de semana.Em 1960, São Paulo explodiu, atingiu 3.666.701 habitantes. Mas nada de preservar seus campos. Ou registrar para a história quantos eles eram, quais os seus times mais tradicionais, quantas eram as suas esquinas.A indústria automobilística chegou no final dos anos 50 e a explosão imobiliária veio atrás. Ir ao Litoral deixou de ser aventura, a televisão já fazia muitos cinemas falirem, mas ainda se jogava futebol na cidade. Mesmo que muitos campos, como os das margens do Tietê, da Baixada do Glicério, dos Morros da Bela Vista, das colinas do Ipiranga, já estivessem condenados. O Tietê recebeu o asfalto das marginais em suas laterais, os Morros da Bela Vista, com os campo do Lusitano, do Édem, do Boca Júniors, deram lugar à Avenida 23 de Maio, ligando o centro a Congonhas.E os campos da Bela Vista, no coração de São Paulo, são apenas um exemplo. O progresso engoliu suas traves, sua história. Como foram engolidos dezenas, talvez centenas de campos da cidade, num raio estimado em até 10 quilômetros do marco zero, a Praça da Sé.Tudo foi devastado, substituído por prédios, avenidas, shoppings. Mas então, já nos anos 70 (São Paulo chegou a 5.924.615 habitantes) ninguém preocupou-se em fazer um balanço sobre o que a cidade possuía e como ela seria transformada, adaptada aos anos modernos.Ainda assim, jornalista desde o final dos anos sessenta, continuei ouvindo as mesmas histórias. De que a várzea tinha acabado e São Paulo, esse canteiro de obras, seria uma cidade-presídio, sem lazer, sem vida, sem amor.Quando em 1980 chegamos a 8.493.226 habitantes apenas na cidade de São Paulo, receei que não deveriam existir sequer os contadores de histórias.São Paulo mudou. A São Paulo dos anos 30, 40 ou 50, essa já não existe. A São Paulo dos 500 mil habitantes, ou dos 1.326.261 moradores dos anos 40, também não. Essa já faz parte dos livros, já está nos museus e bibliotecas. Pode ter deixado saudades, mas é história vaga, sem que suas esquinas, seus campos e seus times tenham sido contados. São Paulo hoje Com 9.839.436 habitantes - censo do IBGE de 1996 - , como São Paulo vive hoje ? Existe lazer na cidade ? O futebol faz parte dessa gigantesca estrutura de concreto ? É parte integrante de seu lazer ? Quantos quilômetros tem a Cidade de São Paulo a contar da Praça da Sé ?Respostas exatas, claras, que não deixem dúvidas, inexistem. Quantos cinemas foram substituídos por templos religiosos ? Quantos são os bingos, as casas de vídeos, os shoppings, os automóveis ?Tudo tem sido feito por estimativas, com alguns raros dados confiáveis. Os que consegui fui ver de perto, descobrindo que São Paulo não é mais a cidade com um raio de 10 quilômetros a contar da Praça da Sé e que seus campos já não estão nas margens dos rios - mesmo que alguns ainda se mantenham fiéis ao passado - mas existem em número suficiente para que a cidade ainda faça do futebol o seu principal lazer.A Secretaria das Administrações Regionais de São Paulo diz que existem hoje 96 Distritos e 2.408 Vilas, Praças, Bairros e Jardins, nas quatro Zonas da cidade. Há 20 anos, eram menos de mil. Há 30 ou 40 anos, apenas algumas dezenas de Bairros ilustravam o Guia Levi, publicação que em poucas páginas relacionava todas as ruas da cidade. Hoje, são milhares de ruas, de praças, de esquinas e nenhum mapa cartográfico que mostre a cidade com exatidão. Seus times já não poderiam estar em todas as esquinas e de seus campos já não poderiam avistar a Praça da Sé.Da mesma forma que São Paulo mudou, o futebol e a várzea também mudaram. O Futebol da Cidade não morreu. Só mudou de lugar.Segundo a Secretaria Municipal de Esportes, existem em São Paulo, hoje, 2.575 Entidades Esportivas Registradas, 80% delas com times de futebol. Ou seja, quase 2.000 times com Ata Registrada em Cartório e Diretoria legalmente constituída.Segundo ainda os números da Secretaria Municipal de Esportes, que administra 36 Centros Educacionais - conjuntos com piscinas, quadras e campos de futebol - e 99 CDMs ( Centros Desportivos Municipais ), todos com campos para a prática de futebol, ela administra, no total, 421 espaços na cidade de São Paulo onde um par de traves forma um latifúndio para a população da periferia.E essa periferia hoje é composta por quase todos os habitantes da cidade, levando-se em conta que apenas 436.555 pessoas vivem na zona central de São Paulo. A Zona Leste tem 2.162.529 habitantes, a Zona Norte 1.110.903; a Noroeste, 1.156.005; a Sul, 1.929.282; a Sudeste, 1.799.284 e a Zona Sudoeste, 1.244.878 habitantes. São dados do IBGE de 1.997.Além de todos os 421 espaços municipais e das 2.575 Entidades Registradas na Secretaria de Esportes, são centenas os campos na nova São Paulo, essa que está bem além do raio de 10 quilômetros da Praça da Sé. Em alguns casos, como Parelheiros, na Zona Sul, ou Itaim Paulista, na Zona Leste, 30 quilômetros distantes do marco zero de São Paulo.Nessa nova São Paulo, o lazer ainda continua sendo o futebol de várzea. Já sem os caminhões para transportar jogadores, sem o troféu com aguardente e groselha.Afinal, a periferia também tem automóvel, Shopping, cinema, vídeo, lanchonete, danceteria. Também desce a serra e vai à praia.Só não dá para dizer que a várzea acabou.Em 1995, por teimosia, resolvi organizar um grande campeonato só para times de várzea e esqueci de estabelecer um número limite de participantes. Quando soube que as inscrições passavam de 1.000 times e só existiam 120 vagas, corri a fazer uma eliminatória, tomando o cuidado de nos anos seguintes estabelecer critérios que truncassem tal explosão. A várzea mudou de lugar, expandiu-se, deixou o centro, foi substituída por prédios e avenidas. Iniciou-se um novo ciclo. Os historiadores, não. Talvez eles não tenham se dado conta que os campos estão mais distantes.Ainda assim, não existe na cidade, em nenhum de seus órgãos oficiais, um só departamento que possa oferecer números finais e verdadeiros sobre quantos são os campos ou times em atividade hoje.Como também ninguém contou quantos eram os campos e os times até o início da explosão imobiliária.Por isso mesmo, é preciso por fim ao mito sem criar a ficção.A várzea existiu, existe e talvez não morra nunca.Pouco importa se não conservou o romantismo do passado.Ou a cidade de São Paulo continua a mesma?