domingo, 13 de abril de 2008

Breve História da Várzea Capitulo da dissertação de mestrado de Marco Antonio Paraná pela PUC São Paulo 2001 A difusão e o sucesso do futebol no Brasil foi rápido, e já na primeira década do século muitos queriam praticar esse esporte. Com o inconveniente de não contar com bolas apropriadas importadas, os garotos pobres improvisavam. Usavam bolas feitas de meias e recheadas de pano, bolas de borracha, enfim qualquer material que se prestasse à prática desse esporte era utilizado, até mesmo laranjas. Era comum ver meninos em luta pela bola em qualquer terreno vazio e plano, que pudesse ser utilizado como campo. Ainda que não fosse gramado, não tinha importância; todos queriam jogar futebol. Em São Paulo, o interesse da população pelo futebol se deu através propagação dos clubes de várzea. Esses clubes eram formados por operários, trabalhadores, Breve História da Várzea Capitulo da dissertação de mestrado de Marco Antonio Paraná pela PUC São Paulo
time de operario

Campo do Bangu 1914 , fabrica ao fundo

foto Francisco Carregal )sentado as esquerda) time do Bangu 1905 A difusão e o sucesso do futebol no Brasil foi rápido, e já na primeira década do século muitos queriam praticar esse esporte. Com o inconveniente de não contar com bolas apropriadas importadas, os garotos pobres improvisavam. Usavam bolas feitas de meias e recheadas de pano, bolas de borracha, enfim qualquer material que se prestasse à prática desse esporte era utilizado, até mesmo laranjas. Era comum ver meninos em luta pela bola em qualquer terreno vazio e plano, que pudesse ser utilizado como campo. Ainda que não fosse gramado, não tinha importância; todos queriam jogar futebol. Em São Paulo, o interesse da população pelo futebol se deu através propagação dos clubes de várzea. Esses clubes eram formados por operários, trabalhadores, gente comum que não podia entrar em clubes tradicionais como o Paulistano. Assim, a Várzea do Carmo, que se estendia desde o atual Parque Dom Pedro II e Glicério até o Pari, se transformava em campos de futebol onde, já em 1.903 eram disputados os campeonatos desses clubes.

Varzea do Carmos 1914

Dentro de poucos anos os grêmios e pequenos clubes se multiplicavam nos campos de capim da Várzea. Em 1.914 o terreno foi aterrado dando origem a campos de terras vermelhas, e à mais próspera do futebol varzeano com os Argentino, Xl de Agosto, Herói das Chamas, Lira, Botafogo, Jaceguay, etc. ( antigos times de futebol ). Os mais antigos eram o Aliança e o Domitila, que eram rivais. O Paraíso e o Diamantino eram constituídos por jogadores negros. Tomás Mazzoni sintetizou bem esse fenômeno; “A Várzea era o início da carreira de clubes e jogadores. Foi a Meca do pequeno futebol. Por isso, seu nome ficou sempre como (...) prefixo do futebol dos bairros” Nesse período a Várzea se torna fornecedora de craques para os grandes clubes da primeira divisão. Os jogadores eram atraídos por empregos em empresas de algum sócio do clube, onde não precisavam trabalhar tanto, às vezes nem trabalhar, bastava se dedicar mais ao futebol, fazer o clube vencer. Surgiram os prêmios, os presentes, as propinas dadas aos jogadores pela vitória. A época do futebol para moços de família estava acabando e começava a ter início o falso amadorismo. O que realmente estava acontecendo é que o futebol se popularizava cada vez mais. Grande parte dos amantes do futebol, habitantes das duas maiores cidades do Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo, já se identificava com um clube de futebol. E queria ver a sua vitória, acompanhando-o, defendendo-o. O significado da palavra Várzea,é o nome que as pessoas davam as planícies férteis, cultivada num vale. Ou seja são terrenos que foram férteis um dia, mas devido ao crescimento da população urbana, esses terrenos foram transformados em campos de futebol de várzea, como espaço de lazer das periferias das grandes capitais. MAZZONI, Tomás. História do futebol no Brasil. São Paulo, Edições Leia, 1.950, pág. 20.gente comum que não podia entrar em clubes tradicionais como o Paulistano. Assim, a Várzea do Carmo, que se estendia desde o atual Parque Dom Pedro II e Glicério até o Pari, se transformava em campos de futebol onde, já em 1.903 eram disputados os campeonatos desses clubes. Dentro de poucos anos os grêmios e pequenos clubes se multiplicavam nos campos de capim da Várzea. Em 1.914 o terreno foi aterrado dando origem a campos de terras vermelhas, e à mais próspera do futebol varzeano com os Argentino, Xl de Agosto, Herói das Chamas, Lira, Botafogo, Jaceguay, etc. ( antigos times de futebol ). Os mais antigos eram o Aliança e o Domitila, que eram rivais. O Paraíso e o Diamantino eram constituídos por jogadores negros. Tomás Mazzoni sintetizou bem esse fenômeno; “A Várzea era o início da carreira de clubes e jogadores. Foi a Meca do pequeno futebol. Por isso, seu nome ficou sempre como (...) prefixo do futebol dos bairros” Nesse período a Várzea se torna fornecedora de craques para os grandes clubes da primeira divisão. Os jogadores eram atraídos por empregos em empresas de algum sócio do clube, onde não precisavam trabalhar tanto, às vezes nem trabalhar, bastava se dedicar mais ao futebol, fazer o clube vencer. Surgiram os prêmios, os presentes, as propinas dadas aos jogadores pela vitória. A época do futebol para moços de família estava acabando e começava a ter início o falso amadorismo. O que realmente estava acontecendo é que o futebol se popularizava cada vez mais. Grande parte dos amantes do futebol, habitantes das duas maiores cidades do Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo, já se identificava com um clube de futebol. E queria ver a sua vitória, acompanhando-o, defendendo-o. O significado da palavra Várzea,é o nome que as pessoas davam as planícies férteis, cultivada num vale. Ou seja são terrenos que foram férteis um dia, mas devido ao crescimento da população urbana, esses terrenos foram transformados em campos de futebol de várzea, como espaço de lazer das periferias das grandes capitais. fonte:MAZZONI, Tomás. História do futebol no Brasil. São Paulo, Edições Leia, 1.950, pág. 20.